30 novembro 2010

Criação de gente grande

Antes de começar o post precisamo dizer que o for relatado aqui é a soma das nossas experiências, com o que nos contam por aqui. Cada agência tem seu modelo de trabalho, criação e procedimentos. Mas o que ouvimos e vivemos por aqui é quase um geral do que rola mesmo em SP.
Vamos falar um pouquinho do que a gente faz.


Juntando letras, formando sacadas

Eu, Ariane, começei a faculdade sem conhecer especificamente todas as áreas, mas sempre tive uma vontade maior de trabalhar com redação. Depois de alguns estágios, fiz desde atendimento, redação, planejamento e até aprendi um pouco de mídia, mas acabei me aproximando e especializando mas na redação. Sou fascinada por gestão de marca e planejamento, mas atualmente minha pretenção é continuar a conhecer um pouco do infindável mundo das palavras que conquistam. Desde pequena tudo que eu queria era escrever, minha primeira palavra dita foi "sete" , acreditem se quiser. Minha mãe é professora de Lingua Portuguesa e eu acompanhava as aulas paticulares que ela dava e como toda boa professora particular o que ela mais repetia era: " Você não quer tirar sete né fulano". Dai deu no que deu, filha de peixinho, peixinho é. Decidi que queria escrever como profissão e acabei me tornando publicitária. Mas vamos ao que interessa. Eu já tinha o hábito de discorrer vários títulos para encontrar um ideal e em São Paulo aprendi a fazer mais ainda. Todo estudante de publicidade pensa em uma frase e já acha que encontrou o título perfeito, a frase impactante e a sacada mais genial. Sinceramente muitas vezes os primeiros são muito bons mesmo, mas trabalhar com criação é trabalhar a mente, se inspirar, respirar e em redação escrever muito para minimizar ao máximo. A lei do simples e criativo vale e muito por aqui. Por isso, quando seu job for criar um título, crie 50 deles e se conseguir crie mais, misture, jogue palavras, faça o oposto, procure relações e as disfaça. Pelas experiências e tudo que tenho visto por aqui, há uma busca pessoal pelo melhor texto, uma ajuda mútua quando não se está com a mente aberta. Os redatores costumam conversar entre eles para ver se ajuda e sempre da certo. Outro coisa a ser destacada é a liberdade do pensar. Nem sempre em quatro paredes se cria campanhas memoráveis. Algumas agências tem salas separadas para a dupla sentar e pensar por horas e horas. A liberdade pra sair pra pensar também é grande, descer, tomar um café, dar uma volta. Ouvimos histórias de gente que sai e volta só no outro dia, mas com uma campanha completa na cabeça. Mas não se engane isso só é feito porque há muita responsabilidade e comprometimento com o job, saem para pensar e ficam o tempo que precisa pra terminar o job. Outra coisa interessante é que não é o redator que bate o martelo se está ok ou não e escolhe o texto que vai pro cliente. Para isso existe o diretor de criação que dependendo da agência são dois, você cria várias opções, eles olham e dizem o que é melhor e o porque, sempre tem muito para aprender com esses caras. Cada vírgula ou palavra que não está boa eles tem uma explicação. Ah, antes que eu me esqueça eu não cheguei a ver isso na cidade onde eu moro e acho que em pequenas cidades não tem, aqui existe o revisor, sim ele fica o dia inteiro revisando texto. Os redatores são criativos, cultos e muito bem alfabetizados, mas não precisam comer o aurélio e a gramática. O revisor faz isso, ele revisa, ve, olha dinovo, todo e qualquer material que vai sair, achei isso muito interessantes. Voltemos a criação, trabalhar com criação tem seus prós e contras, mas uma das coisas mais legais de trabalhar aqui com criação é a liberdade de propor ações diferenciadas e peças que não foram solicitadas. Acho eu que é por isso que essas grandes agências de São Paulo são o que são, a preguiça de ficar até mais tarde pra finalizar uma idéia que o cliente nem pediu não existe por aqui. A paixão aqui é pela propaganda e as idéias que surgem sempre que valem a pena são apresentadas para o clientes. Mas prepare-se, nem sempre o que você acha que é inovador é. Muito já foi feito em publicidade e aqui que é o centro desse meio eles já viram muita coisa e muita coisa boa.


Direcionando a arte

Chega ser até meio óbvio a maneira como eu, Gabriel, me apaixonei pela arte na publicidade, por ser aquele menino que gostava de rabiscar parede com giz, chão com pedra, carteira com corretivo e que não perdia uma aula de educação artística. E com o passar dos anos reproduzindo desenhos da tv no papel, comprando inúmeros gibis e fazendo cursos de pintura, desenho e ilustração. Mas o que me levou a querer ser um diretor de arte é a vontade de criar, rabiscar e desenhar, mas fazer com que aquilo seja funcional para algo, que passe algum sentido e a mensagem seja captada por quem se sentiu encantado pelo anúncio. A parte teórica aprendi na faculdade e a prática é o mercado quem mostra. Sempre gosto de aprender coisas novas e aqui em Sampa aprendi mais ainda. Trabalho no departamento online da agência, onde inúmeras campanhas interativas aparecem buscando espaço na internet. O ritmo da criação é algo muito constante, o briefing chega do atendimento pro tráfego, que leva pro diretor de criação com todas as informações necessárias e que é repassada para determinada dupla. Aí durante a criação das peças entra o trabalho dos assistentes de arte e ilustradores, dando auxílio a dupla e quando há criação online é feito o pedido do serviço e a criação se estende pela net. Quando a peça está pronta, é feita uma apresentação em flash para ser enviada ao cliente que irá ver a peça online mesmo, isso no caso de criação online. Já na criação offline, a peça é impressa e o pessoal da produção que cola a peça em uma prancha que será apresentada ao cliente, quando há dobras, montagem e corte a responsa fica com eles também. Os caras são milimétricamente preparados para não errar e deixam tudo mais apresentável.
Outra coisa bacana também e que dentro da agência há um estúdio de fotografia, com ótimos profissionais que clicam fotos de alta qualidade para ser montando o layout da peça, e quando a peça é aprovada o serviço de foto é tercerizado com outros grandes estúdios. Sinceramente a qualidade é alta em ambas as etapas.
Como as salas em geral não tem paredes e são muitas mentes pensantes num lugar só, é super tranquilo voce pedir ajuda ou palpite da pessoa ao lado quando você esta trabalhando. O trabalho do diretor de criação também é algo muito significativo, já que ele sempre dá palpites construtivos e orienta até voce conseguir acertar a idéia. As vezes voce fica um bom tempo criando uma peça e quando vai ver o diretor de criação pede para refazer toda a idéia, mas isso é comum, assim como aquele briefing que chega todo dia no final de tarde, bem na hora de você ir embora. Porém o que vale lembrar é que cada detalhe é muito bem pensado em todo o processo de criação e os palpites e dicas sempre rolam durante a criação. Pensa-se muito antes de botar no papel e o capricho é notório em tudo que se faz.

Antes que a gente se esqueça, pode até ser diferente em pequenas agências em SP, mas a maioria você nunca começa como diretor de arte ou redator, mesmo depois de formado você é assistente de arte e redator jr. ou assistente, construir carreira por aqui é bem demorado e tá cheio de gente preparada.

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